Como investir em renda fixa em 2024
Como investir em renda fixa em 2024: como o assunto diz “renda fixa” uma modalidade de investimento que oferece uma remuneração previsível e segura, baseada em um contrato entre o investidor e o emissor do título. Existem diferentes tipos de títulos de renda fixa, que podem ser classificados em três categorias principais: pós-fixados, prefixados e indexados à inflação.
Neste artigo, vamos discutir quais são os potenciais beneficiários dentro da renda fixa em 2024, considerando o impacto da taxa SELIC, as tendências históricas e as opções de diversificação e crédito privado.
O impacto da taxa SELIC
A taxa SELIC é a taxa básica de juros da economia brasileira, que influencia diretamente o custo do crédito e o rendimento das aplicações financeiras. A taxa SELIC é definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, que se reúne periodicamente para avaliar o cenário econômico e definir a meta da taxa.
Em 2023, o COPOM iniciou um ciclo de redução da taxa SELIC, que passou de 6,5% ao ano em janeiro para 5% ao ano em dezembro, em um contexto de inflação controlada e recuperação da atividade econômica. A expectativa do mercado é que a taxa SELIC continue em queda em 2024, podendo chegar a 4% ao ano no final do ano, segundo o boletim Focus.
A queda da taxa SELIC tem um impacto direto na rentabilidade dos títulos pós-fixados, que são aqueles que têm o seu rendimento atrelado à variação da taxa. Os principais exemplos de títulos pós-fixados são o Tesouro SELIC, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e o Fundo DI. Esses títulos tendem a perder atratividade em relação aos demais, pois oferecem uma remuneração menor conforme a taxa SELIC cai.
As tendências históricas
Para entender melhor como os diferentes tipos de títulos de renda fixa se comportam em cenários de queda da taxa SELIC, podemos analisar os dados históricos dos últimos ciclos de corte de juros. O gráfico abaixo mostra o desempenho acumulado de quatro tipos de títulos públicos federais, que representam as principais categorias de renda fixa, em três períodos distintos: 2009-2010, 2012-2013 e 2016-2017.
!Gráfico de desempenho de títulos públicos
Fonte: Tesouro Direto
Os títulos utilizados no gráfico são:
- Tesouro SELIC (LFT): título pós-fixado, que rende a variação da taxa SELIC.
- Tesouro Prefixado (LTN): título prefixado, que rende uma taxa fixa acordada no momento da compra.
- Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal): título indexado à inflação, que rende a variação do IPCA mais uma taxa fixa acordada no momento da compra.
- Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B): título indexado à inflação, que rende a variação do IPCA mais uma taxa fixa acordada no momento da compra, pagando juros semestrais ao investidor.
O gráfico mostra que, em todos os períodos analisados, os títulos prefixados e indexados à inflação apresentaram um desempenho superior aos títulos pós-fixados, especialmente os de longo prazo. Isso se deve ao fato de que esses títulos possuem uma maior sensibilidade à variação da taxa de juros, ou seja, o seu preço de mercado se altera mais conforme a taxa SELIC muda. Assim, quando a taxa SELIC cai, o preço desses títulos sobe, gerando ganhos de capital para o investidor que os vende antes do vencimento.
O desempenho em 2023
Em 2023, o cenário se repetiu: os títulos prefixados e indexados à inflação se valorizaram mais do que os títulos pós-fixados, conforme a taxa SELIC foi reduzida. A tabela abaixo mostra o rendimento acumulado de cada tipo de título até o dia 11 de dezembro de 2023, considerando os títulos mais negociados no Tesouro Direto.
Título | Vencimento | Rendimento (%) |
---|---|---|
Tesouro SELIC | 2025 | 5,23 |
Tesouro Prefixado | 2026 | 9,76 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 2031 | 12,64 |
Tesouro IPCA+ | 2026 | 8,42 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2030 | 11,35 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2050 | 15,28 |
Fonte: Tesouro Direto
A tabela mostra que os títulos pós-fixados e os de curto prazo indexados à inflação apresentaram um rendimento menor, enquanto os de longo prazo indexados à inflação e os prefixados exibiram um retorno maior. Isso indica que o mercado já está precificando a expectativa de queda da taxa SELIC e de aumento da inflação no futuro.
A diversificação e o crédito privado
Diante desse cenário, qual é a melhor estratégia para investir em renda fixa em 2024? A resposta é: diversificar. Não há como prever com certeza o comportamento da taxa SELIC e da inflação, nem o preço dos títulos de renda fixa. Por isso, é recomendável manter uma carteira diversificada, com exposição a diferentes tipos de títulos, prazos e emissores.
Uma forma de diversificar é investir em crédito privado, que são títulos emitidos por empresas ou instituições financeiras, como debêntures, letras de crédito imobiliário (LCI), letras de crédito do agronegócio (LCA), entre outros. Esses títulos costumam oferecer uma rentabilidade maior do que os títulos públicos, pois embutem um risco maior de inadimplência do emissor. No entanto, esse risco pode ser mitigado por meio de análise de crédito, garantias e ratings.
Uma forma prática e eficiente de investir em crédito privado é por meio de fundos de investimento, que são veículos que reúnem recursos de vários investidores e aplicam em uma carteira diversificada de ativos, sob a gestão de um profissional qualificado. Os fundos de crédito privado podem ser de diferentes tipos, como fundos de renda fixa, fundos multimercado, fundos de debêntures incentivadas, fundos de recebíveis, entre outros.
Uma das vantagens dos fundos de crédito privado é que eles oferecem liquidez, ou seja, a possibilidade de resgatar o dinheiro investido a qualquer momento, conforme a política de cada fundo. Além disso, eles permitem o acesso a títulos que normalmente não estão disponíveis para o investidor individual, como as debêntures de infraestrutura, que são isentas de imposto de renda.
Outra vantagem dos fundos de crédito privado é que eles reduzem o risco de concentração, pois investem em vários títulos de diferentes emissores, setores e ratings. Assim, o investidor fica menos exposto ao risco de calote de um único emissor ou de uma crise em um determinado segmento da economia.
Conclusão
Investir em renda fixa em 2024 requer atenção ao cenário econômico, especialmente à taxa SELIC e à inflação, que afetam diretamente o rendimento dos títulos. A tendência é que os títulos pós-fixados percam rentabilidade, enquanto os prefixados e indexados à inflação se valorizem. No entanto, é importante diversificar a carteira, investindo também em crédito privado, que pode oferecer uma rentabilidade maior e um risco menor, por meio de fundos de investimento.